Piratas do Caribe 3 não é bom

E não é mesmo. A terceira aventura de Jack Sparrow e cia, assim como seus antecessores, deixa muito a desejar. Eu, já desiludido pelas outras experiências com a franquia fui ao cinema sem muito interesse. Numa longa sessão regada a muito Diamante Negro me indaguei inúmeras vezes o porque desse filme fazer tanto sucesso. Fiquei sem resposta.

Em Piratas do Caribe - No Fim do Mundo, os piratas se reúnem para enfrentar a marinha e Davy Jones num combate épico, digno de final de trilogia. O grande problema é ter que esperar até o combate. O roteiro lento e arrastado conta uma trama sem-graça e morna. Tão sem-graça que Johnny Depp se esforça ao máximo para brilhar (mas disso eu falo mais abaixo).

Sempre achei os roteiros de PdC ruins, e com esse último não foi exceção. Parece que os roteiristas sabem pra onde querem ir mas não sabem o que contar até chegar lá. As coisas que são mostradas na tela até a grande batalha são confusas e repetitivas. O roteiro oscila continuamente entre o pouco interesse e a monotonia total.

Só depois de exatas duas horas de filme é que PdC3 mostra o pouco valor que tem. A verdadeira guerra é bem bacana, com ótimos efeitos especiais e lutas de espadas bacaníssimas. São tantas coisas acontecendo, tantas pessoas brigando ao mesmo tempo que sua adrelina sobe, mesmo que você não esteja dando muito atenção pra cena.

Uma das coisas que eu sempre gostei em PdC são as caracterizações dos personagens, sempre estilosas. Chon Yun Fat ficou sinistro como o pirata oriental Sao Feng e Davy Jones merece um lugar no hall dos vilões mais bacanas do cinema. Johnny Depp, mesmo com o roteiro débil, encanta e diverte assim como aconteceu nos dois anteriores. O Will Turner de Orlando Bloom, e sua cara-de-mosca-morta, não convence e deixa muito a desejar; ao contrário de Elizabeth que deixou de ser a mocinha inocente e encarou a linha de frente das disputas.

Além da batalha, o final do filme tem um fechamento de trilogia de forma bem legal, sem ser piegas nem clichê. A história principal é concluída e um gancho é aberto para uma sequência, que já é certa de existir.

[INÍCIO DO SPOILER]

A morte de Sao Feng foi muito boba e desnecessária.

A participação de Keith Richards como pai do Jack foi péssima. O cara só aparece pra mostrar sua cara lascada e falar meia dúzia de palavras.

Como assim a Tia Dalma era a tal deusa Calypso (credo) toda poderosa e morre sem mais nem menos?

O casamento de Will e Elizabeth em meio ao combate foi sensacional. O ponto alto do filme sem dúvida. Fugiu do brega e caiu no original e divertido. Barbosa, que também se destacou em todo o filme, casando os dois foi divertidíssimo.

Jack Sparrow terminou o filme assim como começou o primeiro, sem nada. Ou melhor, dessa vez ele tem um bote e o mapa da fonte da juventude.

E Will Turner deixou de ser o super-sem-graça e virou capitão do Holandêz Voador. Só acho que seria legal se ele ganhasse uns tentáculos iguais ao Davy Jones.

[FIM DO SPOILER]

Resumindo: Piratas do Caribe 3 é muito filme pra pouca história. Horas te diverte, horas te entedia. Se não tiver paciência pra esperar duas horas até a batalha final, nem assista.

Outras críticas:

Herói+Gameworld: "No Fim do Mundo, consegue ter um texto ainda mais confuso que seu antecessor (e cheio de furos e incongruências) e menos ação, tentando explicar tudo em longas cenas de diálogos ruins"
Omelete: "Os produtores se perdem na maré de efeitos especiais e só não naufragam porque a franquia já tinha fincado seus pés em terra firme"
G1: “Confuso, arrastado e bobo”
O Globo: "É longo demais"
Folha de S. Paulo: "Mantém o ritmo rocambolesco do segundo"
Variety: “Diferentemente do último, ‘No fim do mundo’ pelo menos tem um destino, o que o faz um pouco mais coerente”
Village Voice: “Nada cativante, nem mesmo compreensível”